Desde os tempos mais antigos, o ser humano se pergunta: o que acontece depois da morte? Essa dúvida está presente em várias culturas, religiões e também na filosofia. Dois momentos importantes da história do pensamento dão respostas bem diferentes para essa questão: a filosofia grega antiga e a filosofia existencialista moderna, representada por Jean-Paul Sartre.
Na Grécia Antiga, muitos filósofos acreditavam que a alma é imortal, ou seja, continua existindo depois que o corpo morre. Entre eles, podemos destacar Pitágoras, Platão e Plotino. Já no século XX, o filósofo francês Jean-Paul Sartre defendeu uma ideia totalmente diferente: ele dizia que não existe vida antes do nascimento nem depois da morte, e que cada pessoa vive apenas uma vez.
Vamos entender melhor essas duas maneiras de pensar!
A Alma Imortal na Filosofia Grega
Pitágoras: A Alma que Reencarna
Pitágoras (570–495 a.C.) foi um dos primeiros filósofos a falar sobre a alma. Ele acreditava que a alma nunca morre e que, após a morte, pode renascer em outro corpo — essa ideia se chama reencarnação.
Por isso, os seguidores de Pitágoras tinham hábitos como não comer carne e praticar o silêncio, acreditando que essas atitudes ajudariam a alma a se purificar e ter uma próxima vida melhor.
Platão: A Alma Prisioneira do Corpo
Platão (428–348 a.C.) foi um dos maiores filósofos da Grécia Antiga. Ele acreditava que a alma é eterna e mais importante que o corpo. Para ele, o corpo é como uma prisão onde a alma fica temporariamente. Quando a pessoa morre, a alma é libertada e volta para um lugar perfeito, chamado por ele de Mundo das Ideias.
Platão dizia também que, quando aprendemos alguma coisa, na verdade estamos lembrando de coisas que nossa alma já sabia de outras vidas.
Plotino: A Volta para o Divino
Plotino (204–270 d.C.) viveu muito tempo depois de Platão e criou uma filosofia chamada neoplatonismo, que retomou várias ideias de Platão.
Para ele, todas as almas vêm de uma força divina chamada “O Uno”. Depois da morte, a alma volta para essa origem. Segundo Plotino, através da sabedoria e da reflexão, a alma pode se aproximar cada vez mais dessa força divina, vivendo com mais harmonia.
Jean-Paul Sartre: Uma Só Vida, Sem Vida Após a Morte
Enquanto os filósofos gregos acreditavam que a alma é imortal, o filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905–1980), um dos mais importantes do século XX, defendia uma ideia oposta.
Sartre fazia parte de uma corrente chamada existencialismo. Ele dizia que a nossa existência começa no nascimento e termina com a morte. Não existe alma imortal nem vida depois da morte. Somos apenas o que fazemos da nossa vida aqui e agora.
Para Sartre, acreditar numa vida após a morte seria uma forma de fugir da responsabilidade sobre nossas escolhas. Ele afirmava que somos livres e, por isso, temos que assumir as consequências das nossas atitudes.
Em seu livro mais famoso, O Ser e o Nada, Sartre disse que o ser humano está “condenado à liberdade”. Ou seja, não podemos fugir do fato de que somos nós que damos sentido à nossa vida.
Comparando as Visões: Crença ou Experiência?
Os filósofos gregos, como Pitágoras, Platão e Plotino, acreditavam que existe uma alma que continua vivendo após a morte. Já Sartre defendia que a vida é única e acaba com a morte.
A filosofia grega oferecia um consolo: a morte seria uma passagem para outra vida ou para uma união com o divino. Já Sartre acreditava que devemos enfrentar a realidade, sem esperar por outra vida, e que cada pessoa precisa encontrar sentido para sua existência.
Conclusão
Estudando filosofia, percebemos que, ao longo da história, o ser humano buscou respostas diferentes para uma mesma pergunta: o que acontece depois da morte?
Enquanto Pitágoras, Platão e Plotino viam a alma como imortal, Sartre defendia que a vida é uma só e que a morte é o fim absoluto.
Essas reflexões nos ajudam a pensar sobre o sentido da vida, sobre a importância das nossas escolhas e sobre como lidamos com a ideia da morte. Independentemente da crença de cada um, filosofar nos faz olhar para dentro de nós e buscar viver de forma mais consciente e responsável.